quarta-feira, 25 de abril de 2012

Perfeitos Estranhos!



Sentada no meu sofá, vendo mais um episódio de uma das séries que gosto de seguir, dei por mim a pensar nas palavras ditas por um dos personagens: “Dormimos na mesma cama, partilhamos a mesma mesa, vivemos ambos debaixo do mesmo tecto, mas somos apenas ilustres desconhecidos”.

Poderia fazer minhas estas tão duras palavras, adaptando as mesmas a uma realidade que me envolve e que respiro. Já houve um dia em que partilhamos casa, cama e mesa mas nunca partilhamos os sonhos, as insignificâncias e tudo o que é relevante. Poderia até dizer que a nossa única partilha foram os corpos, mas nem na pele nos conhecemos. Não sabemos cada ruga marcada no rosto, cada sinal desenhado na pele, cada marca que o tempo deixou. O corpo unia-se de tempos a tempos, quase como uma necessidade de não passarmos de desconhecidos a invisíveis. E ainda hoje, quebrado o acordo de vivência entre as paredes de uma casa, são mais os momentos em que mal nos olhamos, mal nos cumprimentamos, mal nos vemos...perfeitos estranhos!

Hoje, continuamos sem saber reconhecer a alegria no rosto, sem adivinhar a tristeza, sem saber de cor os gostos e desgostos, a música preferida, a comida predilecta, os caminhos que percorremos diariamente.

Hoje mais do que nunca o amor não passa de uma miragem…e os anos passam e acabamos por perder o brilho do sol e passamos apenas a sentir o calor doloroso a queimar dentro de nós!