quarta-feira, 2 de outubro de 2013

De que são feitos os sonhos


Somos do tecido que são feitos os sonhos assim o dizia William Shakespeare...mas de que são feitos os sonhos...

Será que são feitos de esperança, da ilusão que pintamos desde o berço em que nascemos até aos dias de hoje em que caminhamos muitas vezes por estradas nunca antes imaginadas?

Serão os sonhos apenas uma forma de mentir, de enganar ao nosso eu interior que rivaliza constantemente com o nosso eu exterior que teima em seguir por insinuosos e montanhosos caminhos quando lá dentro gritamos e ansiamos pela maciez das verdes planices acariciando os nossos pés?

Talvez sejam feitos das histórias de encantar, dos livros que lemos na idade da revolta, das musicas que ouvimos ou daquela atriz que admiramos que protagonizou aquele filme que até hoje vive na nossa memória.

Ou quem sabe talvez sejam feitos de plasticina ou de barro para que possamos molda-los há medida que os vestidos deixam de nos servir e que os sapatos deixam de ser rasos e é-nos permitido sair à rua com aquele salto agulha que nos faz sentir mais gente. E enquanto o corpo cresce vamos dando forma aquela pasta maleável, invisivel aos olhares, apertando aqui, retirando ali, fazendo nascer mais sonhos, reestruturando outros, voltando a amassar os que no tempo estagnaram, numa busca interminável de um amor que nos complete, da profissão que que nos preencha, dos risos que nos fazem sentir bem, da amizade sincera que nos transforma em alguém melhor a cada dia...e nessa incessante busca para encontrar o derradeiro sonho da felicidade encontramos também os nossos pesadelos banhados por lágrimas, por dor, desilução, tristeza e uma enorme vontate de fechar os olhos e de novo regressar aquele tempo em que achavamos que os sonhos são nuvens de algodão doce e que tudo é possivel nesse mundo de fantasia.


De tudo isto são feitos os sonhos porque na verdade, somos mesmos feitos do tecido que são feitos os sonhos!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O lado avesso do amor





“Sabemos quando alguem nos ama não pelo que a pessoa fala, mas sim pelo que faz”

Uma pequena frase constituida de simples palavras mas que alberga em si uma verdade inegável. O amor, por melhores intenções que as pessoas tenham, requer atitude e coragem para vivê-lo.

Não existe futuro numa relação quando um precisa de sentar-se calado esperando uma acção, algo que faça o universo avançar, algo que faça as peças girarem e se encaixarem. Amanha, sim amanha talvez...e o amanha chega e o amanha que era hoje vai sendo adiado continuamente, dia após dia, semana após semana, mês após mês. E um dia, num desses amanhas continuamente adiados, quem espera fica exausto com a dor, com o sofrimento, com o gesto que nunca chega, com o caminho não percorrido, com o mundo que não se move e que grita por mudança. E o amor morre. Não porque se deixou de amar mas porque o sofrimento não permite mais o viver à espera.

Viver à espera de uma escolha, viver à espera do “até acabar o curso”, “até que eu resolva a parte financeira”, “até que eu consiga separar-me”, “até que tenha um emprego”, ate que....até que nada aconteça. As escolhas são dificeis, os passos são dolorosos, o caminho é montanhoso mas a vida requer escolhas e decisões. São essas mesmas escolhas que nos fazem crescer e amadurecer. Um sentimento que não nos faz ter forças, um sentimento que não faz mover montanhas, que não nos permite mudar o curso do rio pode ser tudo, mas não é de certeza Amor.


Amor como Mário Quintana dizia “amor é quando a gente mora um no outro” e se um mora do lado de fora apenas um caminho é possivel: seguir em frente para um amor que esteja disposto a entrar para o lado do avesso de nós!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fechar a porta


O fechar a porta doi...

Doi por saber que nunca a ti cheguei. Doi por saber que nunca fui o alvo do café da manha com torradas com leite do dia e sumo de laranja com uma rosa vermelha colocada na bandeja, preparado com amor e carinho.

Nunca fui o calor do corpo na noite que acorda para embalar os sonhos. Nem por uma só vez fui a que esta ao teu lado no raiar do sol, nem tive o teu colo depois de um dia dificil, nem partilhei o riso de alegria ou o choro da desilução. Doi ver toda uma vida fugir-me por entre os dedos que nunca se entrelaçaram no aconchego do sofá.

Dói ainda mais saber que essa porta nunca esteve aberta, que tudo o que para trás ficou foi apenas uma miragem que se desenhou por uma pequena fresta de uma minuscula janela. Miragem essa que se esqueceu dos contornos dos corpos suados, da boca pedindo outra boca, de um coração batento em compasso com o outro coração, um ser fundindo-se em outro ser.

O trancar a porta doi e enloquece a alma que grita com tamanho furor que provoca o tombo do corpo que cai inerte nos despojos de um “se” que nunca se tornou real. E no som da fechadura, que range em agonia ao rodar da chave, passo a ser silêncio. Um silêncio embrulhado em saudades, num coração que se veste do avesso, cansado, ferido, machucado... por querer demais, por se sentir sosinho na madrugada fria...e no calar das palavras parto mesmo querendo ficar.


...e doi ainda mais saber que a deixaste fechar!

sábado, 7 de setembro de 2013

Um outro sonho!


Um sonho...um dia (talvez) terei um cantinho assim em casa.
Falta ali uns confortáveis sofás onde possa deitar-me e entregar-me ao prazer das palavras, um tapete gigante no chão e um pequeno grande pormenor: uma lareira!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Somos nós!


Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso próprio caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no trajecto, há quem mude de ideias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a uma encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar de voltar para trás.


Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei. Nem sei para onde vais. Nem tu sabes. Pode ser que um dia acordes com uma luz nova, uma força desconhecida que te vai trazer até mim… Sei que há uma força estranha que me faz correr para ti, embora nunca, em nenhuma circunstancia, corra atrás de ti, porque não posso, não me é permitido interferir no teu destino e mudar o curso da tua vida. Isso, terás que ser tu a fazê-lo, por ti e para ti, se assim o entenderes. Será que sentes a mesma força?

Margarida Rebelo Pinto




quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Quero o tudo!


Não quero apenas os sonhos que habitam as noites, nem as palavras doces e cheias de encanto que me dizes, muito menos quero apenas o som do lamento quando dizes que sentes a minha falta, que estou sempre no teu pensamento. Preciso de mais do que as palavras, quero mais, muito mais...

Quero-te nos meus sonhos sim, mas quero-te inteiro, de corpo, alma e coração com tudo o que é teu e com tudo o que poderia ser nosso. Quero não apenas esse sonho, mas quero sim o sonho sonhado a dois, olhos nos olhos, pele contra pele. Quero o bau dos medos aberto e partilhado e os segredos compartilhados, quero as lagrimas que caem do meu rosto secas pelos beijos teus e que tenha sempre os teus braços para me proteger das insanidades deste mundo e para que fazes de mim também o teu abrigo.


Quero mais do que palavras, quero mais do que castelos no ar...Quero o tudo , não quero apenas o nada!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quando o amor acaba

Os poetas proclamam nos seus versos que o amor é eterno. Dizem os romances nas últimas letras da última página “ e viveram felizes para sempre”. Vemos nos filmes o beijo apaixonado antes do prelúdio da palavra fim, deixando no ar a certeza que o sentimento do amor por nada será vencido, que nunca acaba...

Mas acaba...o amor acaba e torna-se infértil dentro de nós, deixando secar as suas raízes, deixando em nós a aridez do deserto.

Sim o amor acaba. Acaba numa esquina qualquer, depois dum jantar comido entre meia dúzia de palavras ditas quase por obrigação ou no sabor do café que se toma já em silêncio. O amor acaba quando as mãos já não se procuram no passeio de Domingo ou no encostar da cabeça no ombro no escuro do cinema que não acontece.

O amor acaba quando a distância que nos separa é maior que a Oceânia mesmo quando o outro esta ali, á distância de uma mão. Acaba quando os corpos já não tremem de desejo, quando as costas se viram na noite que alberga o cansaço do dia e a solidão passa a ser a única companhia nos minutos compassados do relógio.

O amor acaba quando tudo o que fazemos nos ocupa mais tempo e nos dá mais prazer que a companhia do outro, quando evitamos o deitar juntos e consequentemente o toque na pele e  a intimidade que há muito deixou de existir e o beijo com sabor a paixão já se esqueceu .

O amor acaba quando passamos a admirar o desconhecido que se senta na mesa ao lado da nossa no café ou a colega de trabalho que sempre nos sorri com um bom dia, mesmo que saibamos que é por pura educação.

Sim, o amor acaba quando os sonhos já não são compartilhados e os planos deixaram de ser repartidos. Acaba quando olhamos para o outro e não sentimos a cumplicidade no olhar, nem a segurança do sentimento que devia pulsar no olhar, na vontade de ser e fazer o outro feliz!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Paixão!



Ao ouvir a palavra paixão muitas são as reações, muitos são os pensamentos que assolam a nossa massa cinzenta. Para uns o sorriso terno acompanhado de um olhar, que lhes lembra a grande paixão da vida cheia de encanto e loucura, para outros memórias menos boas, repletas de dor, lágrimas e mágoa. Para outros ainda o mistério do sentir pois até hoje essa feliz agonia não passa de uma utopia nunca sentida ou vivida.

Paixão! Esse sentir que nos faz perder o juizo, o senso, toda a razão e o chão. Que nos faz querer e desejar, mais e mais, que nos faz viver na corda bamba, sempre à flor de pele. Sentir o coração acelerado, os pensamentos soltos e com vida sempre em direção à pessoa amada. A pele que queima, o toque que nos eleva, o beijo que nos faz flutuar.

Paixão! Que um dia grita e vive intensamente dentro de nós e que no outro nos abandona deixando-nos sosinhos no meio de uma multidão, perdidos na mais completa escuridão. O olhar perde o brilho, o corpo perde o desejo, o sol esconde o seu brilho na opacidade das nuvens, e caimos sem paraquedas da nossa bola gigante multicolor feita de sabão na qual viviamos.

Passamos a caminhar novamente nas pedras da calçada, percorrendo os dias todos iguais numa rotina cinzenta e sufocante. Fechamos dentro de nós os sonhos os desejos, o pulsar no peito que anseia desesperadamente por sentir de novo a paixão.  

E é de noite, quando a lua se enche de brilho, que nos escondemos entre a penumbra das paredes do quarto e sentimos a falta de alguem que nos admire, de alguem que possamos adorar, de alguem que nos faça delirar com o sabor dos seus lábios, o calor da sua pele, o toque de suas mãos em nosso corpo. Que nos faça sentir o bater no coração entre as pernas e que por fim, exaustos de prazer, nos aconchegue nos braços e nos faça sentir que somos um, unidos de corpo, alma e coração. 




quarta-feira, 31 de julho de 2013

Vazio


Há já algum tempo que acordo com a sensação de vazio, de medo, de solidão...há já tanto tempo que já nem me lembro de acordar sem ter logo de imediato vontade de fechar de novo os olhos e regressar para o mundo dos sonhos. 

E esta estranha sensação segue-me feito sombra, apertando-me o coração que bate em meu peito e que me faz sentir que o sangue ainda corre nas minhas veias, mesmo que muito lentamente.

Cada vez mais sinto falta da cumplicidade que não consigo encontrar, essa mesma cumplicidade que se tem com alguém que nos conhece melhor que nós mesmos. Onde não são necessários os sons das palavras para o outro saber o que a nossa alma sente, onde não é preciso verbalizar para se ter a vontade satisfeita, onde basta a tristeza no olhar para o outro saber o tamanho da amargura, da desilusão, da necessidade da palavra certa, no momento exato. Onde o abraço é a fortaleça que nos protege da tirania existente neste mundo vil. 

E cada vez mais fecho-me em mim e deixo que as pedras crescam ao meu redor numa muralha maior e mais forte que a muralha da china, deixo que este vazio engula tudo o que sinto, todos os sonhos e desejos até que nada mais reste a não ser um corpo moribundo, deabulando sem destino, sem qualquer réstia de sentimentos!