segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Há dias assim!...



Há dias, há momentos que no meio das dúvidas e da confusão que chegamos à nossa conclusão, que só nós sabemos o que queremos, que temos que ser nós e mais ninguém a nos darmos a oportunidade de sermos felizes e de deixarmos o outro ser feliz.  

Não basta apenas dizer “amo-te” quando esse som soa algo vazio, sem significado. É preciso acreditar no amor, sentir o amor, o desejo de partilhar uma vida. É preciso olhar o horizonte e perceber que ele existe. Ali bem á nossa frente naquele mesmo instante em que o céu se funde com o mar, no momento único do pôr do sol. Há dias como hoje que nos sentimos incompletos, que precisamos da nossa alma-gémea, que ansiamos pela felicidade de ter alguém ao nosso lado que nos faça sentir felizes. São dias em que não basta espelharmo-nos um no outro, mas sim sentirmo-nos um no outro, que o sorriso ou um abafo é apenas um complemento de tudo o que desejamos.

Há momentos que precisamos que alguém  nos faça acreditar na vida, no amor, na felicidade vivida a dois. Que partilhe connosco o pôr do sol e que nos diga em segredo “ és tudo para mim” e nos faça crer que é indiferente sonhar acordada ou a dormir, porque o nosso caminho é traçado pelos sonhos. Sonhos vividos a dois. Sei que nunca irás entender estas palavras, sei que nunca irás perceber o que sinto, o que desejo, o que anseio. Sei também que pensas que não amo, que não desejo, que não quero...talvez seja melhor que assim penses. Mais facilmente estarás em outros braços, mais facilmente falarás de mim como alguém que nunca deverias ter conhecido. Não me importo que assim seja. Desejo-te que sejas feliz. Apenas isso. 
Sabes o desamor é treino. Não existe desamor. Existe ensaio, simulação da indiferença, controle absurdo do cumprimento. Não que não sinta nada por ti, sinto absolutamente tudo mas não consigo comunicar. A mágoa e a dor que me causaste sufocam a voz, calam a fala.

Nunca irás perceber a imensidão da minha tristeza.Nem tão pouco perceberás o porque desta “carta”. É apenas uma forma de tentar colocar para longe este momento. Um momento que deveria ser de alívio mas que se revela de angústia. Aposto que estás pouco te importante com tudo isto. Seguirás a tua vida tranquilamente, como se nada tivesse ocorrido. No fundo irás achar graça a estas palavras. Pensarás que são patéticas e rídiculas. Pouco importa....há momentos que já nada importa. É apenas mais um texto guardado junto dos demais.

Também não desejo a tua resposta. São apenas palavras que devem ficar mudas e esquecidas. Poderias ter tido o mundo. Poderias ter sentido todo o meu amor. Acabamos ambos por não ter nada. Amei-te mais do que alguma vez irás sentir ou do que alguma vez pensaste. Fechei-me apenas para não me magoar...ironia do destino, caí na mesma. Agora já pouco importa. Não mais falarei contigo como alguém que já fez parte da minha vida. Amanhá seremos apenas dois “des”conhecidos...talvez um dia te lembres destas minhas palavras ou talvez não.Talvez um dia um dia encontres a perfeição que desejas.  Não sei. Mas hoje aqui te digo o que nunca conseguiste perceber nem ver e eu nunca soube como te mostrar: Amo-te!

E ela guardou a caneta e fechou o caderno de capa preta como que trancando mais um capítulo na história da sua vida...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A certeza do incerto




Nada na vida é certo. Talvez seja esta a única certeza que conseguimos ter ao longo da nossa vida. Um dia sorrimos e sentimos dentro de nós uma felicidade tal que achamos que não haverá vento ou tempestade que possa abalar essa nossa frágil alegria. Sentimos que a luz que nos ilumina possui a intensidade de mil sóis e que nunca a escuridão poderá penetrar nesse brilho que nos cobre e que invade todas as frestas do nosso mundo.

Ilusão pura que cai sobre terra quando nos apercebemos que na verdade caminhamos sem rumo, num destino ainda mais incerto que a própria incerteza. Se olharmos bem, nem estrada temos para caminhar… Até o alcatrão que pisamos no nosso andar é puro devaneio da nossa imaginação. Ansiamos desesperadamente por uma segurança que se veste de fino cristal, que num leve toque se estilhaça no chão, espalhando ao redor mil pedaços de dor, angustia e lágrimas.

Cremos na miragem desenhada em cada acordar e nesse amanhecer renovamos a lúgubre esperança, enganando, disfarçando, mentindo…precisamos da certeza como do ar que respiramos e agarramo-nos ao muro que construímos, como lapa à rocha, no receio de perder a certeza do que até hoje construímos.

Desistimos dos sonhos, escondemos desejos, matamos a esperança, ignoramos o amor apenas porque nos apavora a certeza que a incerteza nos trás, sem nos apercebemos que a beleza que nos cerca, que a felicidade tão desejada só é alcançada na ousadia do incerto.