segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Há dias assim!...



Há dias, há momentos que no meio das dúvidas e da confusão que chegamos à nossa conclusão, que só nós sabemos o que queremos, que temos que ser nós e mais ninguém a nos darmos a oportunidade de sermos felizes e de deixarmos o outro ser feliz.  

Não basta apenas dizer “amo-te” quando esse som soa algo vazio, sem significado. É preciso acreditar no amor, sentir o amor, o desejo de partilhar uma vida. É preciso olhar o horizonte e perceber que ele existe. Ali bem á nossa frente naquele mesmo instante em que o céu se funde com o mar, no momento único do pôr do sol. Há dias como hoje que nos sentimos incompletos, que precisamos da nossa alma-gémea, que ansiamos pela felicidade de ter alguém ao nosso lado que nos faça sentir felizes. São dias em que não basta espelharmo-nos um no outro, mas sim sentirmo-nos um no outro, que o sorriso ou um abafo é apenas um complemento de tudo o que desejamos.

Há momentos que precisamos que alguém  nos faça acreditar na vida, no amor, na felicidade vivida a dois. Que partilhe connosco o pôr do sol e que nos diga em segredo “ és tudo para mim” e nos faça crer que é indiferente sonhar acordada ou a dormir, porque o nosso caminho é traçado pelos sonhos. Sonhos vividos a dois. Sei que nunca irás entender estas palavras, sei que nunca irás perceber o que sinto, o que desejo, o que anseio. Sei também que pensas que não amo, que não desejo, que não quero...talvez seja melhor que assim penses. Mais facilmente estarás em outros braços, mais facilmente falarás de mim como alguém que nunca deverias ter conhecido. Não me importo que assim seja. Desejo-te que sejas feliz. Apenas isso. 
Sabes o desamor é treino. Não existe desamor. Existe ensaio, simulação da indiferença, controle absurdo do cumprimento. Não que não sinta nada por ti, sinto absolutamente tudo mas não consigo comunicar. A mágoa e a dor que me causaste sufocam a voz, calam a fala.

Nunca irás perceber a imensidão da minha tristeza.Nem tão pouco perceberás o porque desta “carta”. É apenas uma forma de tentar colocar para longe este momento. Um momento que deveria ser de alívio mas que se revela de angústia. Aposto que estás pouco te importante com tudo isto. Seguirás a tua vida tranquilamente, como se nada tivesse ocorrido. No fundo irás achar graça a estas palavras. Pensarás que são patéticas e rídiculas. Pouco importa....há momentos que já nada importa. É apenas mais um texto guardado junto dos demais.

Também não desejo a tua resposta. São apenas palavras que devem ficar mudas e esquecidas. Poderias ter tido o mundo. Poderias ter sentido todo o meu amor. Acabamos ambos por não ter nada. Amei-te mais do que alguma vez irás sentir ou do que alguma vez pensaste. Fechei-me apenas para não me magoar...ironia do destino, caí na mesma. Agora já pouco importa. Não mais falarei contigo como alguém que já fez parte da minha vida. Amanhá seremos apenas dois “des”conhecidos...talvez um dia te lembres destas minhas palavras ou talvez não.Talvez um dia um dia encontres a perfeição que desejas.  Não sei. Mas hoje aqui te digo o que nunca conseguiste perceber nem ver e eu nunca soube como te mostrar: Amo-te!

E ela guardou a caneta e fechou o caderno de capa preta como que trancando mais um capítulo na história da sua vida...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A certeza do incerto




Nada na vida é certo. Talvez seja esta a única certeza que conseguimos ter ao longo da nossa vida. Um dia sorrimos e sentimos dentro de nós uma felicidade tal que achamos que não haverá vento ou tempestade que possa abalar essa nossa frágil alegria. Sentimos que a luz que nos ilumina possui a intensidade de mil sóis e que nunca a escuridão poderá penetrar nesse brilho que nos cobre e que invade todas as frestas do nosso mundo.

Ilusão pura que cai sobre terra quando nos apercebemos que na verdade caminhamos sem rumo, num destino ainda mais incerto que a própria incerteza. Se olharmos bem, nem estrada temos para caminhar… Até o alcatrão que pisamos no nosso andar é puro devaneio da nossa imaginação. Ansiamos desesperadamente por uma segurança que se veste de fino cristal, que num leve toque se estilhaça no chão, espalhando ao redor mil pedaços de dor, angustia e lágrimas.

Cremos na miragem desenhada em cada acordar e nesse amanhecer renovamos a lúgubre esperança, enganando, disfarçando, mentindo…precisamos da certeza como do ar que respiramos e agarramo-nos ao muro que construímos, como lapa à rocha, no receio de perder a certeza do que até hoje construímos.

Desistimos dos sonhos, escondemos desejos, matamos a esperança, ignoramos o amor apenas porque nos apavora a certeza que a incerteza nos trás, sem nos apercebemos que a beleza que nos cerca, que a felicidade tão desejada só é alcançada na ousadia do incerto. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Talvez um dia!



Com as palavras tento retirar o nó no meu peito, que doi e sufoca, que deixa na boca o amargo veneno das perguntas sem respostas, dos porque não e dos porque sim. Talvez um dia eu consiga ser grata pelo amor rejeitado, consiga aceitar também a angustia dos amores a quem  eu disse não, que ainda hoje dançam ao meu redor, tal como uma abelha,  como se fosse eu a única flor no jardim.

Por hoje, não quero saber, nem tão pouco me interessa explicações sem nexo, desculpas sem sentido, palavras sem acções, desprovidas de pretensões e de esperança. Deixa-me hoje aqui, tal e qual uma aluna do quadro de honra, aprendendo mais uma lição de vida. Deixa-me esconder na penumbra da noite, imaginando a perfeição do amor, sentido outras mãos pousarem calmamente no meu peito, perdendo-me no calor da pele, nas corpos entrelaçados,  na voz que me diz em surdina: Amo-te! 

Vou deixar dormir a serpente que me envenena e que se alimenta dos meus pensamentos, guardando a certeza que de que nunca te irei esquecer mas irei de certeza habituar-me à tua ausência! 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Destino




Há dias em que me sinto vazia, como se um cansaço imenso e letárgico se tivesse instalado sem pré-aviso e me tolhasse o coração e o espírito. São dias em que acordar é pior do que ter um pesadelo e levantar-me da cama parece mais difícil do que atravessar o Atlântico a nado.

Manhãs submersas em recordações e saudades, a sonhar calada tudo o que quis e nunca tive, mais o que mereço mas ainda não alcancei.

Um pequeno excerto de um livro, apenas isso...É engraçado como por vezes as palavras que lê-mos conseguem vestir-se em nós como uma roupa feita pela melhor modista do mundo, ou direi antes estilista porque modistas e costureiras era no tempo da minha avó. E tal como os nomes, cada vez mais pomposos, cada vez mais cheios de estrangeirismos, cada vez mais vazios e sem essência, assim são as pessoas de hoje. 

Tenho dias em que fico para aqui a pensar e tal como a Margarida diz no seu texto sonho calada tudo o que quis e nunca tive ou que ainda não alcancei. O tema habitual das conversas nos últimos tempos é a crise, a falta de dinheiro, as dificuldades, mas o mais engraçado é que a maioria das pessoas apenas sente na pele e lhes dói quando as situações são monetárias. Se lhes faltar as pessoas, o amor, a amizade tudo bem, desde que não mexam na minha carteira. Como um dia ouvi de alguém, mais vale sozinho e com dinheiro no banco, do que pobre e com uma pessoa ao lado. 

É por este sentir universal, que se propaga no ar como um vírus fatal que existem dias que o melhor seria realmente não acordar. Tudo gira à volta de dinheiro, de poder, de satisfação própria...tudo gira apenas à volta do próprio umbigo tal e qual Narciso.

Mas o que esquecem é que Narciso era um belo rapaz que todos os dias ia contemplar a sua própria beleza num lago. Estava tão fascinado por si mesmo que não comia, não bebia para não se afastar  nem um segundo da imagem no lago não dormia. Definhou. Morreu, afinal, de fome, de sede, de exaustão.

E como o narciso, vamos morrendo um pouco a cada dia. Descartando sentimentos, utilizando o "amo-te" como se fosse um simples bom dia, sem conteúdo, facilmente substituido. Esquecemos que Amar é cuidar quando a pessoa fica doente, assistir aquele filme chato com cara de feliz, é trazer aquele doce que sabemos que pessoa adora, é olhar nos olhos e já saber o que a outra pessoa está sentindo, é sorrir só de ver o outro sorrindo, é abraçar e dar o ombro para chorar sem perguntar absolutamente nada, , é sentir-se preenchido.

Será esse o destino que queremos para nós???

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A estrada da vida



As vezes perco-me em mim mesma, nos pensamentos que assolam a minha mente quando a noite chega e o silêncio é rei. Perco-me em todos os caminhos que percorri, em todos os momentos que vivi, nas pessoas que conheci, em cada palavra que ouvi, em cada frase que proferi.

Sinto-me a olhar a minha própria vida como uma personagem exterior, um narrador omnipresente que conhece o que se passa no meu íntimo todas as minhas emoções e pensamentos. Faço parte do meu enredo, estou em cada entrelinha, em cada riso de alegria, em cada lágrima de dor, em cada queda e em cada levantar.

Ouço ao longe a minha própria voz por vezes gritando, avisando-me “não vás por aí” outras vezes em surdina me diz “segue o teu coração”. Tantas e tantas vezes a ignorei, seguindo caminhos opostos, fingindo não ouvir.

Quantas vezes disse não, querendo dizer sim. Quantas vezes aceitei querendo dizer “nem pensar”. Quantas pessoas magoei , quantas vezes me feriram, quantas gargalhadas dei, quantas lágrimas cairam. Houve momentos que amei, a ponto de morrer, outros houve que me amaram e eu fiz sofrer. E mesmo depois de tantas estradas, de tanto amor dado, de tanta ferida cicatrizada, continuo a perder-me na minha própria estrada!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

No meu olhar



Num pedaço de papel branco risco a preto  a dor que por vezes me dilacera e apago as lágrimas que teimosas insistem em cair. Pinto de cinza os meus sonhos e com negro cubro os desejos que gritam em meu peito e que queimam a pele quando de noite em sonhos te sinto chegar.

Vejo-me de novo perdida num mundo que durante tanto tempo guardei no sótão fechado, cuja chave enterrei bem longe, sem mapa para nunca mais a encontrar. Quis o destino que por um acaso na mesma tropeçasse.

Tenho medo do encontro que nunca há-de chegar. Não quero que vejas alem dos meus olhos e descubras todos os meus sentimentos que teimo em esconder. Tenho receio de olhar nos teus olhos e de me encantar com o brilho que deles emana, levando-me de novo a sonhar o impossível. Escondo-me nas frases que trocamos, guardo nas entrelinhas os meus segredos para que não consigas enxergar que no mais íntimo da minha alma, no recanto mais recôndito do meu coração caminho de encontro a ti.

No silêncio da noite ouço a melodia do amor, anseio pelo teu toque, pelo som da tua voz sussurrando em meus ouvidos e sinto-me à deriva.

Nas palavras que te escrevo coloco o cuidado para que não percebas o amor que cresce em meu peito, a vontade de te amar com toda a intensidade. Guardo-me, pois não quero ser para ti um singular rosto no meio da multidão, não quero que saibas que quando em ti penso sinto que alcanço as nuvens e as estrelas e que nesse momento a distância traz-me a saudade e a incerteza dum futuro que nunca será real. Uma saudade de algo que não vivo e nem sei se viverei.

Não olhes para mim, para que não vejas no meu olhar o quanto de ti existe dentro de mim!

terça-feira, 17 de julho de 2012

O Rio




As palavras são e sempre foram o meu escudo e a minha libertação. Pego em cada letra e deixo fluir os sentimentos em cada risco, como um rio que lava as pedras em sua passagem. 

Há momentos em que me fundo nas águas desse mesmo rio e deixo que a minha alma siga livre, rodopiando no leito, beijando as margens, permitindo-me sentir. Existem outros que me escondo nas pedras para que nenhuma corrente me leve e me transporte para um negro pântano, onde a dor chora à noite e cujos lamentos o vento transporte, em lágrimas que jorram das folhas de estrondosas árvores que cobrem as margens.

Há ainda aqueles momentos  que, como hoje, sento-me na margem sob a pedra mais alta para que possa olhar o espaço que me envolve e reflectir que forma devo eu tomar. Mas o medo ganha forma, as perguntas ecoam em cada rápido que desce a caminho do mar e eu começo a sentir o rodopio da queda antes mesmo de atingir as correntes frias dessa água, umas vez serena e límpida outras suja e conturbada.

Opto pela pedra...pela segurança do não amor, pela paz fictícia do vazio, pelo calar da emoção, pela solidão consentida quando no leito pouso e ali me deixo ficar!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Recomeçar



Por entre choros, lágrimas e dor nascemos, e nessa angustia respiramos também o riso, a alegria e a felicidade, como se todo o sentir fosse siames, impossível de ser separado. Estranhas simbiose que nos acompanha em todos os nossos passos, desde o primeiro sopro de vida, até que por fim mais nenhum ar entre em nossos pulmões.

Esta perfeita harmonia entre o bom e o mau, o branco e o negro, a luz e a escuridão, tatua todos os nossos movimentos, vive em nós como a sombra reflectida no chão.

Mas por mais que saíbamos que o dia não pode existir sem a noite continuamos a desejar que a vida seja perfeita, que os momentos de dor e lágrimas nunca façam parte do nosso mundo.

Quando a dor aperta e o desespero se faz sentir como chamas opulentas dentro de nós esquecemos que o tempo ditará novas rotinas e novas formas de encontrar a felicidade. No final de contas é isso que interessa, a busca pela felicidade ainda que tenhamos acabado de cair. 

E o coração continua a bater ao ritmo da vida, por vezes sangrando, outras vezes pulsando bem forte dentro do peito...Porque todos somos fragmentos de sentimento e pedaços de uma identidade formada em cima de sofrimento e de alegria, sempre prontos em cada amanhecer para voltar a viver, a sonhar...e a acreditar!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Saudade de um sonho



Tenho uma lágrima presa em meus olhos, que teima em querer sair. Tenho no peito a dor que me dilacera por dentro que insiste em explodir. Tenho medo de não mais saber sorrir. Não, não vou chorar, não não vou deixar a voz gritar este tormento. Vou apagar as luzes e deixar que esta sensação se dilua na escuridão. Fecho os olhos e sinto saudades. 

Saudades dos planos que nunca fizemos, dos sonhos impossíveis que na nossa vida nunca tentámos construir. Saudades das doces palavras que nunca ouvi, da vontade e do desejo de nos entregarmos de corpo e alma um ao outro que nunca existiu.  Tenho saudades do que nunca vivemos . Tenho saudades da nossa história que nunca aconteceu, dos segredos que nunca contamos. Tenho saudades das juras e das promessas que sempre foram mudas entre nós. Tenho saudades de um tempo que nunca foi, de um casamento qe nunca se realizou, dos filhos que nunca nasceram, da cama que só dividimos mas nunca foi preenchida. Saudades do futuro que não vivemos e que será vivido por outro alguém.  

Sem querer vou de encontro às lembranças.  Abro a caixa das recordações e de novo a saudade...vazio, apenas  vazio no fundo de madeira. De novo a saudade de  olhar a rosa já murcha que  nunca me deste sem eu esperar, do postal a dizer “sem ti a minha vida não tem sentido”  que nunca escreveste, saudade de um meio coração que deveria estar no meu pescoço pendurado e a outra metade no teu que nunca foi comprado. Saudade de recordar os lençois que nunca se cobriram de flores, das velas que se mantêm intactas e nunca foram compradas, de todas as loucuras que nunca tomaram forma...saudade de um amor que nunca existiu. Contenho as lágrimas, sufoco o grito e tranco a caixa...

domingo, 10 de junho de 2012

Circo sem tenda



Os sentimentos são por vezes o pior inimigo. Tapam os  ouvidos, os olhos ficam enovoados, a boca ganha vida gritando palavras que mais tarde pensamos “como é que eu disse aquilo”, transformam o nosso cérebro num ser à parte, dotado de personalidade própria. Deixamo-nos conduzir pela sensação de raiva, de ódio, de amor, de carinho. O nosso corpo deixa de ser nosso e passa a navegar nesse turbilhão de emoções que queima a pele e que nos faz agir feito marionetas comandadas por uma força superior.

E tudo em nós é emoção, mesmo quando vestimos a capa da frieza, mesmo quando mostramos ao mundo que somos feitos de um ferro que nada nem ninguém consegue perfurar. E é nesse escudo que nos escondemos, ferindo-nos para não ferir, calando para não gritar, sorrindo para não chorar.  

Há momentos que só nos apetece deixar explodir, que queremos abrir os pulmões e deixar sair todas as perguntas sem resposta, todos os pensamentos guardados, todas as dúvidas que sufocam como um veneno lento que nos mata todos os dias um bocadinho.

Mas é preciso calar, fingir, aprender os gestos e a forma da sociedade. Uma sociedade que não entendes, que repudias, que te causa por vezes naúseas, que te faz querer esconder, mas perante a qual te encontras nua e exposta, como um alvo iluminado.

É preciso dizer que se entente a hipócrisia, a mentira, a falsidade, o jogo do mais forte, as palavras que magoam, os gestos que ferem, as atitudes que criam chagas, um gosto de ti mas esqueço que tu existes...É preciso sorrir e ser gentil quando ouvimos alguém dizer que gosta de amarelo, mas tudo o que tem é vermelho.

E assim forçamos o sorriso e caminhamos sem saber para onde ir e como ir, tentando agir imitando os gestos, as palavras, as acções, guardando dentro de nós o mundo em que acreditamos,  para que não sejamos a aberração deste circo sem tenda e sem risos!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Amor a dois



Depois de alguns anos, de muitos risos e lágrimas, alegrias e tristezas, euforia e desilusão chegamos  a um estagio da vida em que as perguntas são cada mais, em que nos indagamos sobre o que fizemos até hoje, o que construímos, de onde viemos e para onde vamos.

Hoje dei por mim a perguntar-me o que nos faz sentir numa relação, o que nos faz sentir que pertencemos a alguém e que esse alguém nos pertence. Não no sentido de posse, mas no sentido de complemento de nós mesmo, uma extensão do nosso corpo, da nossa alma e do nosso coração.

Primeiro temos de gostar da pessoa que está ali ao nosso lado, sem isso nada mais pode existir. Mas para além do amor, amor de verdade e não aquele amor falso que existe nos dias de hoje, movido por interesses pessoais e egoístas, é necessário que uma relação nos faça sentir cem por cento à vontade com a outra pessoa: há vontade para concordar e discordar, há vontade quando os corpos se unem sem vergonha e sem medos, há vontade para contar os segredos mais sombrios, os sonhos mais loucos e os desejos mais insanos. Mas para isso é necessário que exista uma cumplicidade compartilhada e incondicional.

Uma relação tem que ter mãos dadas na ida ao cinema, no passei de carro, no café à beira mar. Uma relação tem também que ter entre-ajuda e apoio nem que seja enquanto um prepara o jantar o outro coloca a mesa. Gestos do dia a dia que criam intimidade.

Uma relação deve ter momentos de silêncios sem que nenhum dos dois se incomode ou se sinta constrangido. Tem que servir para estimular o que o outro tem de melhor, tem que nos fazer querer produzir, mas também nos fazer sentir maravilhosas mesmo de pijama e cara lavada.

Para que haja uma relação temos que nos sentir amparados nas nossas inquietações, para podermos confiar sem receios, para sabermos que existem diferenças entre nós mas que em momento nenhum essas diferenças magoam ou ferem ou outro. Tem que servir para rir e brincar, na rua e em casa....principalmente em casa a dois.

Uma relação tem que servir para acompanhar o outro ao médico, para repartir os problemas financeiros e cobrir as despesas um do outro em um momento de aperto. Tem acima de tudo que cobrir as dores um do outro num momento de tristeza e de dor, de compartilhar os risos e as vitórias.

Uma relação tem que servir para abrir uma garrafa de vinho e fazer amor pela noite dentro  e no fim  sentarmos e falarmos sem mentiras, sem enganos, sem jogos. Numa relação devemos estar abertos um para o outro e cientes que também devemos estar abertos para o mundo, para que juntos a estrada da vida seja um lugar mais verdejante e plano para percorrer!

domingo, 3 de junho de 2012

Os limites do amor!



Diz-me que segredos esconde a vida. Que pensamentos resguardam um coração. Que véu encobre a alma no qual eu camuflo a solidão. Despe-te de ti e vem…

Vem para junto de mim. Traz-me de novo as cores do arco-íris e com elas pinta o cinzento com o qual colori o meu mundo. Com beijos seca as lágrimas que nascem em meus olhos, fonte cristalina de uma saudade não mais desejada. Vem e faz-me esquecer a imagem do espelho que nada mais é que um reflexo sem vida, num traçado sem cor desenhado pela mão do medo. Não mais quero o grito mudo que me ensurdece na penumbra do meu quarto, a saudade que preenche os dias, a melancolia que de noite visita o meu leito e que me abraça num abraço frio, sem calor. Vem comigo caminhar na mesma estrada, partilha os meus sonhos que hoje vivem em mim e que em ti habitam.

Vem e sente o toque desejado, cala-me as palavras com o sabor do beijo tantas vezes ansiado, envolve o meu corpo com o ardor de teus braços e sente o doce aroma que nos inebria e envolve nesse ensejo…transporta-me para um mundo de cheiros, sabores e sentimentos em que o limite seja apenas os limites do amor!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Num olhar!...



Os olhos são o «espelho da alma», nunca mentem, nunca dissimulam aquilo que sentimos. É fácil ler nos olhos de um homem quando somos amadas, desejadas, desprezadas ou até odiadas. Há tantas informações num simples “piscar de olhos”. Quem é que nunca recebeu um olhar daqueles que nos faz sentir nuas? Quem é que nunca olhou profundamente nos olhos de alguém e lentamente lhe deu o primeiro beijo? Quem é que nunca ouviu uma boca a dizer que não e uns olhos a dizer que sim?


O teu olhar arrepiou-me a pele, fez-me desejar sentir os teus braços em redor da minha cintura, o hálito quente da tua respiração no meu pescoço, o teu corpo junto ao meu onde podia sentir todo o teu desejo naquele momento. Por breves instante fechei os olhos e deixei o meu corpo flutuar nessa doce sensação que é sentirmos que alguém anseia por nós, que é em nós que pensa quando o sangue corre mais rápido nas veias, que é por nós que chama quando o seu corpo pede outro corpo e a alma precisa de outra alma. Deixe-me ali ficar de olhos fechados, apenas sentindo...  


Não quis olhar nos teus olhos pois sabia que o encanto se iria desvanecer no ar quando visse nos teus olhos a tristeza pela única palavra possível proferida por mim... Só mais um pouco…eu precisava daquele momento que há muito não sentia...ali por momentos senti de novo o sabor de ser olhada como se eu fosse a mais bela e sensacional mulher na terra. Deixei por breves segundos, de uma forma egoísta, que o meu corpo bebesse sofregamente todas as palavras que percorreram o ar.


A tua respiração agora mais rápida, como se existisse uma maior urgência de oxigénio, fez-me despertar do torpor em que me encontrava, trazendo-me de volta para a realidade. Olhaste-me intensamente e, no brilho dos teus olhos, li o quanto me desejavas, o quanto me querias. Naquele instante o tempo parou e o meu peito apertou-se quando balbuciei um “não posso”. Sabia que a linha do fim estava a escassos metros. A partir de hoje eu serei para ti apenas dor e mágoa apesar de saberes o meu carinho por ti e que a minha amizade será sempre tua. Mas precisas de  mais eu sei... Um dia irás entender…acho que mesmo agora tu sabes ao olhar nos meus olhos…

Os olhos! São eles sem dúvida que nos ajudam a encontrar o amor… ou a perdê-lo.




quarta-feira, 25 de abril de 2012

Perfeitos Estranhos!



Sentada no meu sofá, vendo mais um episódio de uma das séries que gosto de seguir, dei por mim a pensar nas palavras ditas por um dos personagens: “Dormimos na mesma cama, partilhamos a mesma mesa, vivemos ambos debaixo do mesmo tecto, mas somos apenas ilustres desconhecidos”.

Poderia fazer minhas estas tão duras palavras, adaptando as mesmas a uma realidade que me envolve e que respiro. Já houve um dia em que partilhamos casa, cama e mesa mas nunca partilhamos os sonhos, as insignificâncias e tudo o que é relevante. Poderia até dizer que a nossa única partilha foram os corpos, mas nem na pele nos conhecemos. Não sabemos cada ruga marcada no rosto, cada sinal desenhado na pele, cada marca que o tempo deixou. O corpo unia-se de tempos a tempos, quase como uma necessidade de não passarmos de desconhecidos a invisíveis. E ainda hoje, quebrado o acordo de vivência entre as paredes de uma casa, são mais os momentos em que mal nos olhamos, mal nos cumprimentamos, mal nos vemos...perfeitos estranhos!

Hoje, continuamos sem saber reconhecer a alegria no rosto, sem adivinhar a tristeza, sem saber de cor os gostos e desgostos, a música preferida, a comida predilecta, os caminhos que percorremos diariamente.

Hoje mais do que nunca o amor não passa de uma miragem…e os anos passam e acabamos por perder o brilho do sol e passamos apenas a sentir o calor doloroso a queimar dentro de nós!

domingo, 11 de março de 2012

FlashBack – Retroespectiva




O fechar de um capítulo aproximava-se à medida que as caixas iam sendo fechadas. O correr da fita sobre o cartão é como se estivesse a enclaussurar tudo o que viveu, tudo o que aconteceu nos últimos anos. Uma nova etapa estava a começar, em outro lugar, com mais luz, mais paz, mais harmonia. Decorreram mais de quatro anos nos quais aprendeu e conheceu um mundo mais sombrio e cinzento, onde os príncipes não existem e as princesas são uma miragem criada pela mente. Um mundo no qual o amor é um mero nome para designar um outro qualquer sentimento que em nada se assemelha aquele que ela conhecia.

Ainda sente a dor no rosto, mas mais do que fisicamente a dor no peito e na alma a sufoca. Não consegue chorar, não consegue mais sentir algo de bom. Só uma necessidade de fugir dali, de desaparecer, de apagar da memória tudo o que viveu, tudo o que viu e tudo o que sentiu. No dia seguinte irá acordar sem o som dos carros, sem o cheiro a escape, sem sentir que está a mais num lugar que não lhe pertence.

Coloca a caixa no corredor. Um último olhar sobre os cómodos da casa. Há medida que a hora se aproxima um misto de angústia com alívio toma conta dela. Os últimos dias foram calmos. Sem discussões, apenas curtas frases trocadas, dormindo em zonas distintas, sem contacto algum,apenas o básico. Já nada havia a dizer. Ele saia de manha para trabalhar, há noite fechava-se no seu mundo e tudo continuava igual apesar das mobilias estarem desmontadas e existirem caixas empilhadas em todo o lugar. Já tudo tinha sido feito e dito. Já nada restava.

Ali sosinha, enquanto guardava o que ainda faltava arrumar na mala as lembranças dolorosas teimavam em assombrar-lhe o pensamento. Queria que tudo tivesse sido um pesadelo, que lhe deixava uma profunda tristeza misturada com desilusão, e que de um momento para o outro iria acordar.

Todas as suas dúvidas, todas os momentos em que chorou sosinha sem que ele a visse, sem que soubesse sequer que ela chorava, toda a dor que sentiu em cada palavra, toda a angustia que a sufocava diariamente ao ser trocada por outras, contra as quais ela não podia lutar pois era demasiado insignificante para ganhar essa batalha, tudo isso era bem real. Tinha sido uma guerra inglória. As armas que tinha eram demasiado fracas. Ela perdeu, deixou-se vencer. O seu corpo e o seu coração já não tinham mais forças.

Tantas foram as noites sem dormir em inumeras tentativas para encontrar os motivos que fundamentassem o que se estava a passar. Tantas e tantas vezes que chorou sosinha no sofá da sala. Ele nunca percebeu a sua dor. Ele nunca quis saber das feridas invisiveis que lhe causava. Trocou o amor por algo bem menor e em cada dia passado a distância entre eles foi aumentando.

Ela nunca conseguiu chegar a ele assim como ele nunca conseguiu chegar a ela. E o amor que ela sentia ficou fechado numa caixa tancada com correntes e jogada no fosso que ambos contruiram. Ele nunca soube da falta que ele lhe fazia, da vontade de estar nos braços dele, do desejo contido, das palavras silênciadas pela mordaça que ele própria colocava. Ele nunca percebeu que trocou o sonho por um tenebroso pesadelo.

Há pessoas que não foram feitas para estarem juntas, para constituirem uma familia, para tomarem o café da manhã, para mostrarem  à outra através de acções o quão importantes são, o quanto a amam. Existem pessoas que não conseguem estar sós com alguém porque  adoram a sua própria solidão.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sentir



A tarde estava no fim e o vento já começava a soprar frio, enquanto o céu ganhava um tom de laranja. A sangria estava a saber-me bem depois de mais um dia de trabalho. As outras mesas estavam já vazias com excepção do senhor já com uma certa idade que lia o jornal com os óculos colocados quase na ponta do nariz. Enquanto os meus olhos percorriam o espaço ao redor Teresa continuava falando e queixando-se da relação com o namorado e em como já não aguentava mais a mentira e a desonestidade que faziam parte da pessoa com quem partilhava a cama. Daniel parecia estar virado para dentro de si, submerso nos seus próprios pensamentos.

- Não sei o que estas à espera para colocares um ponto final nessa história – disse-lhe assim que o reportário de queixas abrandou.

- Ele faz asneira mas depois pede desculpa e diz que me ama, que não quer que eu vá embora. – desculpou-se, mais para si mesma do que para nós.
O som de um isqueiro entoou no ar e depois de enalar o fumo e deixa-lo sair com cuidado para que não incomoda-se ninguém, Daniel virou-se para Teresa e com uma voz calma disse-lhe:

- Ele diz que te ama, então esta tudo bem, não é? Assunto encerrado.
Teresa moveu-se na cadeira e olhou para ele com um ar espantado, como se estivesse a ouvir uma enorme barbaridade. Ele continuou:

- Sabemos que somos amados quando ouvimos a palavra mágica, mas uma coisa te digo, apesar da minha idade. Saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é algo bem diferente. Existe um diferença de milhas, um espaço enorme de diferença. O amor é muito mais do que palavras. É necessário verbaliza-lo sim, mas também é necessário beijos, sexo, abraços, carinho, cumplicidade, respeito. É ainda mais que um pacto de sangue. É um pacto de silêncio que tem de ter a força para manter e fazer crescer raízes, um pacto para a eternidade. Sentir-se amado é sentir  que a outra pessoa tem interesse real na tua vida, que zela pela tua felicidade, que se preocupa quando estás triste, que sugere caminhos para melhorar, que está sempre lá para o que der e vier, que te diz que aconteça o que acontecer “eu estou aqui e vamos estar sempre juntos para o bem e para o mal”. Sentir-se amado é perceber que as atitudes da outra pessoa nunca te fazem chorar, nem magoar e quando isso acontece essas mesmas acções nunca mais se repetem. Sentir-se amado é perceber que a outra pessoa lembra-se de coisas que contaste dois anos atrás, é procurar amenizar a dor do outro e não faze-lo sofrer mais ainda com gesto ou palavras. Sentir-se amado é sentir-se por inteiro na vida da outra pessoa, é quando não existe assuntos proibidos ou espaços que não são permitidos ao outro entrar. Sentir-se amado é sentir-se seguro, protegido e acima de tudo o mais importante na vida do outro. Por isso ouve bem o que te digo: amo-te não diz tudo, não diz quase nada!

E o silêncio se fez sentir...

Um amor maior!



Sentada junto há janela, olhando a lua brilhando lá no alto ela recorda com saudade e solidão o tempo em que sentia o amor em cada canto da casa, no cheiro dos lençois, no ar quente da casa de banho depois do duche, no aroma a café e torradas que inundava o ar, no riso que fazia parte dela sempre que ele a agarrava por trás na hora de preparar o jantar, enquanto as crianças brincavam no quarto.

Foi no tempo em que os segredos não existiam, em que não havia dois espaços, dois mundos, dois seres. Era como se ambos fossem um só, um era o outro. Não era preciso palavras, bastava o olhar. Os sonhos eram construidos a dois. Todas as portas e janelas estavam abertas. Não existia medos, receios, mentiras, desilusões. O desejo de um era o desejo do outro. Mesmo no som da música que ele adorava e ela detestava o entendimento era algo que surgia normalmente.

Sem se dar conta as lágrimas escorrem-lhe pela face e o coração aperta bem lá dentro do peito. Ela sabia que nunca mais iria ter com alguém essa mesma cumplicidade, essa união perfeita de almas, de coração e de corpos. Sabia que ela era tudo para ele e até um certo momento ele foi tudo para ela.

Mas hoje, ali sosinha, longe um do outro há muito anos não consegue evitar a dor de perceber que nunca mais terá alguém em quem possa confiar, um colo onde possa descansar no final de um dia de trabalho enquanto sente os seus cabelos a serem afagados, alguém que lhe leia a alma e o coração como se fosse estivesse no seu corpo, alguém que não precise se afastar e isolar pois o mundo dele era no seu todo o mundo dela.

Um último olhar para a janela e encolhe os ombros assumindo a derrota...queria um amor maior e agora percebe que já tinha um grandioso amor...

terça-feira, 6 de março de 2012

FlashBack - Desilusão



O cheio a carne pairava no ar, a sobremesa estava pronta e lá fora o sol ainda brilhava. A mesa pronta a preceito, com copos de cristal, as duas velas acessas e as flores no centro. A casa estava arranjada, cheirava a limpo, e no frigorífico o champanhe gelava. Com calma e sem presa pois os ponteiros do relógio ainda andavam a seu favor entrou no banho e deixou a água quente escorrer pelo seu corpo. Sorriu e imaginou as próximas horas. 

Havia já algum tempo que as discussões faziam parte do seu dia a dia, que a tristeza habitava aquelas paredes.  Mas não hoje. Hoje tudo estava preparado apenas para amar. Para deixar-se levar pelas doces sensações do mais belo sentimento.

Vestiu aquela camisola rosa velho, justa ao corpo e longa que parecia um vestido muito curto, e que lhe deixava os seios mais descobertos que tapados. Maquiou o rosto, arranjou o cabelo e para finalizar colocou o seu perfume....perfeito. Mesmo a tempo da campainha tocar.

Correu para a porta e o recebeu com um sorriso que lhe iluminava o rosto, ansiando pelo momento em que ele a pegaria nos braços, em que os seus lábios se tocassem e  num sussurro ele lhe diria “és perfeita”.

Ele olhou para ela, deu-lhe um breve beijo e apenas lhe disse: “Estou muito cansado. Os meus pés estão doridos” e entrou dentro de casa caminhando em direcção ao corredor, deixando atrás dele mais uma vez a desilusão...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Flashback



- Eu nunca me vou livrar de ti. Tu nunca te irás embora. Ainda vou ter de pagar para tu me deixares em paz. - disse ele
E as palavras ecoaram como espadas afiadas por todo o seu corpo. A raiva, a dor e a vontade de desaparecer naquele mesmo momento tomaram conta do corpo dela. Nunca na vida tinha pensado que alguém poderia ser tão cruel. Existem palavras que nos marcam para sempre. Existem momentos que se vestem na pele como uma tatuagem que inflama e nunca sara.
E um dia ela se cansou de tanta dor e se foi...

Numa história existe sempre os dois lados. Mesmo o mais errado por momentos tem a razão do seu lado. Ele não percebe e não entende que amar é mais que dizer “amo-te”. Ela não consegue conceber um amor  sem ser de corpo, alma e coração. E ambos se ferem, gritam palavras que mais parecem adagas em chamas, cometem acções que apenas os conduzem para estradas distintas e afastadas. Um dia a vida irá mostrar que é tarde demais. Que tal como a bala que dispara de uma arma, os nosso passos não voltam atrás. Que os erros que cometemos só podem ser desculpados uma vez.

Ele refugia-se no seu mundo familiar e necessário ao seu ser como o ar que respira, inundado de beleza virtual, de sensações sem emoção, sem coração, sem alma. Ela fecha-se entre altos muros e dia para dia deixa de acreditar. E o precipício que os separa é cada vez maior. Em cada clique encobrido, em cada imagem, de cada vez que o gélido prazer transborda do corpo dele, é um afastar de um sentimento.

Cada lágrima caida do rosto dela, em cada aperto no coração ao procurar, de uma forma escondida, olhar os caminhos por ele percorridos, é como um mar tenebroso que os coloca em margens opostas.

Ele não sabe, ele não entende...ela não percebe, ela não compreende...

domingo, 4 de março de 2012

O mais importante



Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. É mentira: a liberdade só existe quando ele está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama o máximo.
E quem ama o máximo, sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem sentido. Espero que este tempo passe rápido, para que eu possa voltar à busca de mim mesma - encontrando um alguém que me entenda, que não me faça sofrer.Mas que bobagem é essa que estou dizendo?
No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferida quando perdi as pessoas pelas quais me apaixonei. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém. 
Essa é a verdadeira experiência da liberdade:  Ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.

(Paulo Coelho)

Evoluir!


Reconhecer as nossas próprias limitações é o primeiro passo para vencê-las. Ao mentir sobre elas para os outros, assumimos para nós mesmo a incapacidade de lidar com as dificuldades internas. A perfeição não me interessa, mas me interessa evoluir!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cansei...


A vida é uma estrada que vamos desenhando à medida que caminhamos. Olhamos para trás e os nossos olhos são inundados de cores, de cheiros, de sabores, de sentimentos, de tudo o que já fomos, dos momentos que já vivemos, das pessoas que nessa estrada caminharam connosco, dos risos e dos choros, das derrotas e das vitórias. A estrada da vida é feita de traços delineados pelas nossas mãos e apenas somos capazes de olhar para trás pois à frente ainda permanece uma folha em branco à espera de ser preenchida. Somos nós o Miguel Ângelo da nossa existência. Cabe a nós escolher as cores com que pintamos o nosso mundo. Cabe a nós deixar entrar na nossa estrada e nela permanecer as pessoas que nos fazem sorrir, que nos fazem desejar transformar os precipícios em pontes, as montanhas em planícies verdejantes, os campos áridos em jardins repletos de cheiro e cor.

Cansei do cinzento escuro que cobre os céus, cansei do castanho lamacento que inunda a terra, cansei dos buracos fundos que rompem o chão. Desilusão, tristeza, mágoa, decepção...

Podem agora dizer que tudo são frases feitas, que tudo não passa de parvoíces, de palavras sem sentido...sem sentido é a mentira, é o engano. Sem nexo é a capa que se veste bordada a sentimentos e ao virar a esquina se despe e se mostra na escuridão o que na verdade somos, sentimos e queremos.

A vida é bem mais que alcatrão, é bem mais que muros que escondem os enganos, as mentiras que dizemos e as verdades que ocultamos. 

De que adianta a hipocrisia,de que adianta a mascará que acaba sempre por cair, de que adianta exaltar o vermelho se no fundo é do preto que gostamos. 

Cansei...quero mesmo é pegar na palete de cores, nos pincéis com cerdas finas, e desenhar o sol bem lá no alto, e o rio a correr fluido no vale. Quero mais é gente que se exponha, que se abra ao mundo, que entregue o coração, que fale com a alma, que ame tão intensamente que tudo ao seu redor ilumine. 

Quero abraçar os amigos, e rir até que a barriga doa, até que as lágrimas escorram. Quero um beijo profundo, quero o toque de paixão na pele, quero o olhar de desejo sentido, quero a verdade dos sonhos, quero a certeza da cumplicidade, da confiança, quero abrir os olhos ao acordar e ver ali, junto a mim um olhar a brilhar de amor e sentir no peito a certeza que não existe melhor lugar no mundo para se estar!


Quero (re)desenhar o meu mundo...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Porto de Abrigo


Desde muito cedo aprendi a ser sozinha...sozinha com os trabalhos de casa que trazia da escola, sozinha nas perguntas que surgem quando começamos a crescer e que eu procurava resposta nos livros da biblioteca e junta das minhas amigas que sabiam tanto ou menos que eu, sozinha na responsabilidade de crescer quando me vi com uma menina nos braços, quando eu também era uma criança.
Mesmo quando o meu pai morreu, mais uma vez sozinha tratei de tudo o que se deve tratar nesses momentos e arranjei espaço e forças para cuidar da minha mãe, da minha filha ainda pequena, do trabalho, da casa... 

Houve momentos em que deixava que o meu marido cuida-se de mim, que me protegesse nos seus braços, para sentir que eu ainda era de carne e osso. Confesso que adorava a sensação de estar no seu colo, de sentir todo o amor que ele me oferecia, de estar no meu porto de abrigo. 

Mas acho que deixei de esperar seja o que for dos outros. É comigo que posso contar e sempre assim será. Só há bem pouco tempo, e depois de uma noticia nada agradável é que alguém esteve ali ao meu lado. É nesses momentos que sabemos com quem podemos contar. Sem eu pedir, sem nada falar ela estava ali. Mais ansiosa que eu, com mais medo que eu...A mão de uma amiga para apertar e um ombro para chorar, se preciso fosse. Não sabia o amanhã e por momentos pensei que Deus tinha resolvido brincar comigo e colocar-me à prova. Pois bem, mais uma montanha atravessada. 

Tenho noção que as pessoas acham que sou demasiado independente, egoísta, orgulhosa, mas no fundo sei que assim não sou. Raramente a minha preocupação é comigo. Sempre pensei mais nos outros. Falo o que quero, caminho por onde me apetece, caio e levanto-me sozinha e volto de novo a cair, mas os outros estão sempre presentes nesta minha viagem solitária.

Apesar de tudo há dias em que só me apetecia voltar para um colo, para um abraço que me envolvesse e me deixa-se ali ficar, protegida de tudo e de todos. Sei que não preciso, sei que consigo ergue-me pelos meus pés, mas só queria, por uma vez ter alguém que me pegasse na mão e me disse-se "vou cuidar de ti"!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Qualquer dia...qualquer hora...


Existem musicas que nos fazem desejar voltar o tempo atrás!

Um dia...


Depois dos 30 a vida deixa de andar em velocidade de cruzeiro e resolve apanhar um avião a jacto como se de um momento para o outro houvesse muita presa de chegar a lado nenhum. Passamos o tempo a desejar que os minutos não se transformem em segundos, mas o relógio não para. Deixamos para trás alguns sonhos, guardamos na gaveta muitos projectos, esquecemos até de como andar e percorrer novos caminhos. 

Olhamos para trás e percebemos que andámos 30 anos a sonhar e a querer e que fomos protelando o que desde pequenos sempre desejamos: ser felizes.

É estranha esta sensação que nos percorre de um tempo que passa por nós, alucinado, como um comboio a alta velocidade, sem permitir sair nas estações, nem nos apeadeiros. Quando nos apercebemos estamos quase nos 40 e os planos ali continuam, sem força para acompanhar tamanha velocidade. Em cada fim de ano, tomamos um copo de esperança e com garra e determinação pegamos na caneta e numa folha de papel reescrevemos os mesmos objectivos, vezes sem conta. E essa mesma folha é esquecida lá no fundo da gaveta até que um novo ano se faz sentir e lá vamos nós de novo. 

É tão simples escrever, tão fácil desejar, tão complicado agir. Aos 20 a vida era como um farto rio, cujas águas corriam límpidas e serenas de encontro ao mar. O que aconteceu depois dos 30? Seremos nós pessoas diferentes? Não julgo que sejamos. Deixamos foi de acreditar. Acreditar no impossível, acreditar nas pessoas, acreditar no amor.

Um dia destes pego na minha lista de fim de ano, no pára-quedas e saiu deste avião. Jogo-me por entre as nuvens, paro o relógio e vou a correr atrás dos meus sonhos.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Amor sozinho



Não entendo porque às vezes complicamos demasiado a nossa vida. Porque não ouvimos aquela voz interior que nos aconselha e nos chama à razão. Acabamos sempre numa guerra sem tréguas, em que os despojos são o nosso coração. Por vezes escutamos de terceiros as palavras que nós já tantas vezes ouvimos internamente e fechamos os ouvidos porque não queremos, não gostamos de acreditar que fomos enganados...que somos diáriamente, continuamente iludidos.

Por vezes vivemos na mentira e nem nos damos conta que o outro só esta ali por estar, segurando-nos de toda a vez que dizemos ”vou embora”, fazendo-te falsas promessas, assumindo o papel de vítima,  e no final das contas continua tudo igual, com indiferença, com prioridades das quais tu não fazes parte, pois existe sempre algo que impede de fazer seja o que for, há sempre desculpas, há sempre senões, como se  tu fosses apenas mais uma. 

Passamos a viver os dias entre o branco e o preto, sem emoções, sem carinho, sem calor, fechados numa bolha que só nos permite olhar o mundo, mas não tocá-lo... esse é o amor mais dolorido, pois nunca sabemos se estamos solteiras, mas também nunca estamos acompanhadas...e tudo isto ouvimos caladas, porque lá no fundo sabemos que um amor sozinho é solitário demais, abandono demais, e que no final merecemos muito mais!