Há já algum tempo que
acordo com a sensação de vazio, de medo, de solidão...há já tanto tempo que já
nem me lembro de acordar sem ter logo de imediato vontade de fechar de novo os
olhos e regressar para o mundo dos sonhos.
E esta estranha
sensação segue-me feito sombra, apertando-me o coração que bate em meu peito e
que me faz sentir que o sangue ainda corre nas minhas veias, mesmo que muito
lentamente.
Cada vez mais sinto
falta da cumplicidade que não consigo encontrar, essa mesma cumplicidade que se
tem com alguém que nos conhece melhor que nós mesmos. Onde não são necessários
os sons das palavras para o outro saber o que a nossa alma sente, onde não é
preciso verbalizar para se ter a vontade satisfeita, onde basta a tristeza no
olhar para o outro saber o tamanho da amargura, da desilusão, da necessidade da
palavra certa, no momento exato. Onde o abraço é a fortaleça que nos protege da
tirania existente neste mundo vil.
E cada vez mais
fecho-me em mim e deixo que as pedras crescam ao meu redor numa muralha maior e
mais forte que a muralha da china, deixo que este vazio engula tudo o que
sinto, todos os sonhos e desejos até que nada mais reste a não ser um corpo
moribundo, deabulando sem destino, sem qualquer réstia de sentimentos!