No passar dos minutos do relógio,
revendo os passos dados numa estrada feita de sonhos e de pó, começamos a
perguntar-nos pelos sonhos que não realizamos, pelas marcas que queríamos
deixar mas que o vento apagou. Damos por nós olhando o infinito tentando
encontrar o que eramos e percebendo que o ontem já não volta mais e que hoje
somos um emaranhado de sentimentos, de emoções e de vivências do que vivemos
ontem.
Hoje olho esse infinito e mergulho
no ontem como se precisasse de asfixiar-te dentro de mim. Deixar que o ar te
falte para que finalmente rasgues o meu corpo e, mesmo deixando o meu avesso em
carne viva, me libertes de ti para que ambos possamos respirar.
Sei que há um dia em que
finalmente tudo passa. Em que vais para a cama e adormeces profundamente, sem
sonhos ou pesadelos, com o pensamento vazio e o coração ainda mais vazio. Em
que irás derramar as derradeiras lágrimas de sangue e sal e irás acordar de
manhã sem que o teu primeiro gesto seja pegar no telefone na ânsia de uma
mensagem de bom dia. Sabias que o amor tem destas coisas? Abrimos os olhos e o
pensamento voa de imediato de encontro aquela pessoa e a mensagem de bom dia é
como um elixir de felicidade que nos acompanha por todo o dia. E todos os dias
ela chegava…o som da mensagem que soava como o canto dos anjos…mas o som
perdeu-se e eu ainda o procuro na bruma que me envolve.
Haverá um dia em que irei acordar
de um sono sem pesadelos e que o grito mudo dentro do meu peito não irá mais
ser ouvido. Em que irei olhar-me ao espelho e sorrir com o coração. Em que irei
conseguir ouvir uma musica sem pensar em ti. Em que não irei mais saltar da
cadeira quando o telemóvel tocar. Em que o teu cheiro não esteja mais na minha
pele, que o teu gosto não seja mais o meu sabor preferido e que a tua voz não
seja mais o acorde que mais quero escutar. Haverá o dia em que a dor adormece.
Hoje…olhando o infinito…queria que
esse dia fosse agora!