A noite caiu e é nestes momentos em que o silêncio me envolve que sinto a falta de pequenos grandes nadas como compartilhar o meu mundo com alguém que realmente me conhece, que não precisa das minhas palavras para sentir o que me vai na alma, que não precisa que eu peça porque sabe sempre o que penso… que não precisa do verbo... para fazer a vontade. Fazem-me falta coisas tão pequenas como saber como estou, o que comi, como me sinto, como é a minha vida, o que ganhei e o que perdi, o que conquistei e onde fui derrotada… Sinto falta de ver reconhecidos os meus sacrifícios, que interprete os sinais da minha amargura pela profundidade das minhas olheiras, da indagação das minhas preocupações, visíveis na falta de brilho dos meus olhos, da compreensão do motivo das minhas noites de insonia. Sinto falta da partilha das alegrias diárias que fazem com que a vida valha a pena, da partilha de banalidades, que não acrescentam nada aquilo que sou, da partilha de desilusões, de medos, e de chatices que doem mas que me fazem crescer. Sinto falta da palavra certa, no momento exacto, bem como, do reconhecimento que há momentos em que no silêncio se diz tudo.
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