As palavras são e sempre
foram o meu escudo e a minha libertação. Pego em cada letra e deixo fluir os
sentimentos em cada risco, como um rio que lava as pedras em sua
passagem.
Há momentos em que me fundo
nas águas desse mesmo rio e deixo que a minha alma siga livre, rodopiando no
leito, beijando as margens, permitindo-me sentir. Existem outros que me escondo
nas pedras para que nenhuma corrente me leve e me transporte para um negro
pântano, onde a dor chora à noite e cujos lamentos o vento transporte, em
lágrimas que jorram das folhas de estrondosas árvores que cobrem as margens.
Há ainda aqueles momentos que,
como hoje, sento-me na margem sob a pedra mais alta para que possa olhar o
espaço que me envolve e reflectir que forma devo eu tomar. Mas o medo
ganha forma, as perguntas ecoam em cada rápido que desce a caminho do mar e eu
começo a sentir o rodopio da queda antes mesmo de atingir as correntes frias
dessa água, umas vez serena e límpida outras suja e conturbada.
Opto pela pedra...pela
segurança do não amor, pela paz fictícia do vazio, pelo calar da emoção, pela
solidão consentida quando no leito pouso e ali me deixo ficar!