terça-feira, 17 de julho de 2012

O Rio




As palavras são e sempre foram o meu escudo e a minha libertação. Pego em cada letra e deixo fluir os sentimentos em cada risco, como um rio que lava as pedras em sua passagem. 

Há momentos em que me fundo nas águas desse mesmo rio e deixo que a minha alma siga livre, rodopiando no leito, beijando as margens, permitindo-me sentir. Existem outros que me escondo nas pedras para que nenhuma corrente me leve e me transporte para um negro pântano, onde a dor chora à noite e cujos lamentos o vento transporte, em lágrimas que jorram das folhas de estrondosas árvores que cobrem as margens.

Há ainda aqueles momentos  que, como hoje, sento-me na margem sob a pedra mais alta para que possa olhar o espaço que me envolve e reflectir que forma devo eu tomar. Mas o medo ganha forma, as perguntas ecoam em cada rápido que desce a caminho do mar e eu começo a sentir o rodopio da queda antes mesmo de atingir as correntes frias dessa água, umas vez serena e límpida outras suja e conturbada.

Opto pela pedra...pela segurança do não amor, pela paz fictícia do vazio, pelo calar da emoção, pela solidão consentida quando no leito pouso e ali me deixo ficar!