As vezes perco-me em mim mesma, nos pensamentos que
assolam a minha mente quando a noite chega e o silêncio é rei. Perco-me em
todos os caminhos que percorri, em todos os momentos que vivi, nas pessoas que
conheci, em cada palavra que ouvi, em cada frase que proferi.
Sinto-me a olhar a minha própria vida como uma personagem exterior, um
narrador omnipresente que conhece o que se passa no meu íntimo todas as minhas
emoções e pensamentos. Faço parte do meu enredo, estou em cada entrelinha, em
cada riso de alegria, em cada lágrima de dor, em cada queda e em cada levantar.
Ouço ao longe a minha própria voz por vezes
gritando, avisando-me “não vás por aí” outras vezes em surdina me diz “segue o
teu coração”. Tantas e tantas vezes a ignorei, seguindo caminhos opostos,
fingindo não ouvir.
Quantas vezes disse não, querendo dizer sim.
Quantas vezes aceitei querendo dizer “nem pensar”. Quantas pessoas magoei ,
quantas vezes me feriram, quantas gargalhadas dei, quantas lágrimas cairam.
Houve momentos que amei, a ponto de morrer, outros houve que me amaram e eu fiz
sofrer. E mesmo depois de tantas estradas, de tanto amor dado, de tanta ferida
cicatrizada, continuo a perder-me na minha própria estrada!