sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A certeza do incerto




Nada na vida é certo. Talvez seja esta a única certeza que conseguimos ter ao longo da nossa vida. Um dia sorrimos e sentimos dentro de nós uma felicidade tal que achamos que não haverá vento ou tempestade que possa abalar essa nossa frágil alegria. Sentimos que a luz que nos ilumina possui a intensidade de mil sóis e que nunca a escuridão poderá penetrar nesse brilho que nos cobre e que invade todas as frestas do nosso mundo.

Ilusão pura que cai sobre terra quando nos apercebemos que na verdade caminhamos sem rumo, num destino ainda mais incerto que a própria incerteza. Se olharmos bem, nem estrada temos para caminhar… Até o alcatrão que pisamos no nosso andar é puro devaneio da nossa imaginação. Ansiamos desesperadamente por uma segurança que se veste de fino cristal, que num leve toque se estilhaça no chão, espalhando ao redor mil pedaços de dor, angustia e lágrimas.

Cremos na miragem desenhada em cada acordar e nesse amanhecer renovamos a lúgubre esperança, enganando, disfarçando, mentindo…precisamos da certeza como do ar que respiramos e agarramo-nos ao muro que construímos, como lapa à rocha, no receio de perder a certeza do que até hoje construímos.

Desistimos dos sonhos, escondemos desejos, matamos a esperança, ignoramos o amor apenas porque nos apavora a certeza que a incerteza nos trás, sem nos apercebemos que a beleza que nos cerca, que a felicidade tão desejada só é alcançada na ousadia do incerto.