Depois dos 30 a vida deixa de andar em velocidade de cruzeiro e resolve apanhar um avião a jacto como se de um momento para o outro houvesse muita presa de chegar a lado nenhum. Passamos o tempo a desejar que os minutos não se transformem em segundos, mas o relógio não para. Deixamos para trás alguns sonhos, guardamos na gaveta muitos projectos, esquecemos até de como andar e percorrer novos caminhos.
Olhamos para trás e percebemos que andámos 30 anos a sonhar e a querer e que fomos protelando o que desde pequenos sempre desejamos: ser felizes.
É estranha esta sensação que nos percorre de um tempo que passa por nós, alucinado, como um comboio a alta velocidade, sem permitir sair nas estações, nem nos apeadeiros. Quando nos apercebemos estamos quase nos 40 e os planos ali continuam, sem força para acompanhar tamanha velocidade. Em cada fim de ano, tomamos um copo de esperança e com garra e determinação pegamos na caneta e numa folha de papel reescrevemos os mesmos objectivos, vezes sem conta. E essa mesma folha é esquecida lá no fundo da gaveta até que um novo ano se faz sentir e lá vamos nós de novo.
É tão simples escrever, tão fácil desejar, tão complicado agir. Aos 20 a vida era como um farto rio, cujas águas corriam límpidas e serenas de encontro ao mar. O que aconteceu depois dos 30? Seremos nós pessoas diferentes? Não julgo que sejamos. Deixamos foi de acreditar. Acreditar no impossível, acreditar nas pessoas, acreditar no amor.
Um dia destes pego na minha lista de fim de ano, no pára-quedas e saiu deste avião. Jogo-me por entre as nuvens, paro o relógio e vou a correr atrás dos meus sonhos.
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