segunda-feira, 11 de junho de 2012

Saudade de um sonho



Tenho uma lágrima presa em meus olhos, que teima em querer sair. Tenho no peito a dor que me dilacera por dentro que insiste em explodir. Tenho medo de não mais saber sorrir. Não, não vou chorar, não não vou deixar a voz gritar este tormento. Vou apagar as luzes e deixar que esta sensação se dilua na escuridão. Fecho os olhos e sinto saudades. 

Saudades dos planos que nunca fizemos, dos sonhos impossíveis que na nossa vida nunca tentámos construir. Saudades das doces palavras que nunca ouvi, da vontade e do desejo de nos entregarmos de corpo e alma um ao outro que nunca existiu.  Tenho saudades do que nunca vivemos . Tenho saudades da nossa história que nunca aconteceu, dos segredos que nunca contamos. Tenho saudades das juras e das promessas que sempre foram mudas entre nós. Tenho saudades de um tempo que nunca foi, de um casamento qe nunca se realizou, dos filhos que nunca nasceram, da cama que só dividimos mas nunca foi preenchida. Saudades do futuro que não vivemos e que será vivido por outro alguém.  

Sem querer vou de encontro às lembranças.  Abro a caixa das recordações e de novo a saudade...vazio, apenas  vazio no fundo de madeira. De novo a saudade de  olhar a rosa já murcha que  nunca me deste sem eu esperar, do postal a dizer “sem ti a minha vida não tem sentido”  que nunca escreveste, saudade de um meio coração que deveria estar no meu pescoço pendurado e a outra metade no teu que nunca foi comprado. Saudade de recordar os lençois que nunca se cobriram de flores, das velas que se mantêm intactas e nunca foram compradas, de todas as loucuras que nunca tomaram forma...saudade de um amor que nunca existiu. Contenho as lágrimas, sufoco o grito e tranco a caixa...