segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fechar a porta


O fechar a porta doi...

Doi por saber que nunca a ti cheguei. Doi por saber que nunca fui o alvo do café da manha com torradas com leite do dia e sumo de laranja com uma rosa vermelha colocada na bandeja, preparado com amor e carinho.

Nunca fui o calor do corpo na noite que acorda para embalar os sonhos. Nem por uma só vez fui a que esta ao teu lado no raiar do sol, nem tive o teu colo depois de um dia dificil, nem partilhei o riso de alegria ou o choro da desilução. Doi ver toda uma vida fugir-me por entre os dedos que nunca se entrelaçaram no aconchego do sofá.

Dói ainda mais saber que essa porta nunca esteve aberta, que tudo o que para trás ficou foi apenas uma miragem que se desenhou por uma pequena fresta de uma minuscula janela. Miragem essa que se esqueceu dos contornos dos corpos suados, da boca pedindo outra boca, de um coração batento em compasso com o outro coração, um ser fundindo-se em outro ser.

O trancar a porta doi e enloquece a alma que grita com tamanho furor que provoca o tombo do corpo que cai inerte nos despojos de um “se” que nunca se tornou real. E no som da fechadura, que range em agonia ao rodar da chave, passo a ser silêncio. Um silêncio embrulhado em saudades, num coração que se veste do avesso, cansado, ferido, machucado... por querer demais, por se sentir sosinho na madrugada fria...e no calar das palavras parto mesmo querendo ficar.


...e doi ainda mais saber que a deixaste fechar!