Os poetas proclamam nos seus versos que o amor é eterno. Dizem
os romances nas últimas letras da última página “ e viveram felizes para
sempre”. Vemos nos filmes o beijo apaixonado antes do prelúdio da palavra fim,
deixando no ar a certeza que o sentimento do amor por nada será vencido, que
nunca acaba...
Mas acaba...o amor acaba e torna-se infértil dentro de
nós, deixando secar as suas raízes, deixando em nós a aridez do deserto.
Sim o amor acaba. Acaba numa esquina qualquer, depois dum
jantar comido entre meia dúzia de palavras ditas quase por obrigação ou no
sabor do café que se toma já em silêncio. O amor acaba quando as mãos já não se
procuram no passeio de Domingo ou no encostar da cabeça no ombro no escuro do
cinema que não acontece.
O amor acaba quando a distância que nos separa é maior
que a Oceânia mesmo quando o outro esta ali, á distância de uma mão. Acaba quando
os corpos já não tremem de desejo, quando as costas se viram na noite que
alberga o cansaço do dia e a solidão passa a ser a única companhia nos minutos
compassados do relógio.
O amor acaba quando tudo o que fazemos nos ocupa mais
tempo e nos dá mais prazer que a companhia do outro, quando evitamos o deitar
juntos e consequentemente o toque na pele e a intimidade que há muito deixou de existir e
o beijo com sabor a paixão já se esqueceu .
O amor acaba quando passamos a admirar o desconhecido que
se senta na mesa ao lado da nossa no café ou a colega de trabalho que sempre
nos sorri com um bom dia, mesmo que saibamos que é por pura educação.
Sim, o amor acaba quando os sonhos já não são
compartilhados e os planos deixaram de ser repartidos. Acaba quando olhamos
para o outro e não sentimos a cumplicidade no olhar, nem a segurança do
sentimento que devia pulsar no olhar, na vontade de ser e fazer o outro feliz!