quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A morte do amor!



Muitas vezes acontece que simples conversas de café, banais como só elas sabem ser, transformam-se em algo mais profundo quando a só estamos. Longe dos risos e das brincadeiras, do convivio necessário a todo o ser humano, damos por nós a pensar naqueles momentos trivias e nas palavras ditas meio a sério, meio a brincar. Basta apenas uma história e damos por nós a identificarmo-nos com as sensações, com os pensamentos, com as memórias expostas à luz do dia.

É quase como abrir uma porta e olhar de fora para uma vida que é nossa, mas que nos parece distante, vivida por outros. E assim é o amor. Feito  de momentos, de  partilha , de cumplicidade, de troca de afectos, de palavras, de gestos tão corriqueiros como um café na esplanada, um beijo roubado no meio da rua, um amo-te sussurado quando menos se espera, o brilho nos olhos quando se faz amor. Mas os dias passam, as semanas somam-se e aqueles que nos eram tão familiares transformam-se em estranhos ali ao nosso lado.

De repente, num estalar de dedos, o mal estar se instala ao recordar as frases que nunca deveriam ter sido sequer pensadas tão pouco pronunciadas com a determinação dos carrascos. Não se pode atravessar uma ponte que foi queimada; com as palavras acontece a mesma coisa.

E a distância ganha morada e apaga a intimidade, modifica a necessidade  que em tempos julgávamos sentir um pelo outro. Deixamos de lado o  apelo de ligar a contar o nosso dia,as nossas alegrias, as nossas decepções.E chega o momento em que perdemos a fala.  Tentamos emitir um som que quebre esse pesar  mas medimos as frases, pois apenas nos resta o nada. Aos poucos apercebemo-nos que não nos conhecemos. Somos apenas dois corpos sem rosto no meio da multidão.

Matamos a cumplicidade, que provavelmente foi apenas ilusão. Deixamos de desejar a pele na pele, de ansiar pelo toque,de querer o  beijo.  O brilho apaga-se, a paixão esfria e já nem a frustração subsiste. Já não se acorda a pensar no outro, já não se deita a desejar o quente do corpo que nos fazia falta.  

E aquela dor  que insistia em se fazer notar, que trazia ao pensamento, minuto a minuto, a pessoa amada dá lugar a outras lembranças, a novos rumos.
Caminhamos dia após dia em estradas distintas. Fingimos “um esta  tudo bem”, mas construimos o vazio em nosso redor. Nem o olhar permanece porque ambos sabem que não têm mais o que fazer. Dentro cresce uma dor contínua, uma tristeza que sai pelos olhos. Os dois corações estão ocos, porque no lugar do amor agora não existe nada. E a vida segue assim, imperfeita...


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